quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Relíquia

Sinto falta de mim, quando estou com você. Dos seios molhados e do beijo implacável, do seu jeito de reclamar do meu carro e das folhas que caem na varanda, na fachada, do precioso meio dia, em que acendia as luzes e me oferecia um café, Stones na vitrola, te ver aproveitando o vento, o cheiro que inebria a madrugada e silencia minhas magoas. Saudade da sua presença serena que me falava sem palavras tudo que eu precisava ouvir.

Tenho esse desassossego nos olhos que se fecham, quando você se vai. Sinto falta da sua forte presença, que dança, se move, como pétalas que brincam no tempo.

A filosofia calada das senhoritas que esperam nas calçadas, sem nenhuma censura. Eu tento, mas não encontro seu quadril, relíquia  encantada. Imprudência, os reflexos distorcidos nas ruas úmidas, a felicidade exausta na face dos velhos amigos que não compreendo mais, essa cidade eldorado recontado por Glauber, dorme cedo.

Boca fugas que me deixa torpe e encurralado nas minhas escolhas. A malícia do seu dia-a-dia enaltecem minhas ideias mirabolantes de viver em um mundo em que você está, um mundo em que meus olhos Sol, castanhos, descendência dos mouros, possa admirar sua pele pura purpura e marfim. Gostaria que estivesse aqui, agora, Doce Dama que enobrece essa alma minha, suada e rasgada.