segunda-feira, 20 de junho de 2011

O RIO VELHO E OS BEBES ALADOS E DOCES

Ler você. Sensualidade, perturbação, Sonho, pureza. O Caos mais lindo, caos que transforma-se em Éden outrora. Tem dias que quero te abraçar por horas, e outros sair sem destino com você por ai, janelas abertas pra ver o Sol queimando no ar, ou até perseguir o rastro do seu cheiro estonteante, na Lua que ando em meus sonhos.
No radio Stones, andar depressa para ultrapassar o frio, diluir a madrugada no Bourbon sem gelo. Pensei ter visto o reflexo de seus olhos molhados no retrovisor, vertigem de quem gosta de ficar sozinho, conectar-se com o desejo, só se for de verdade, só se for o destino, que transforma mal, desprezo e medo, em tudo que já não faz mas nenhuma diferença. Toda dor terá fim, quando a maciez dos lábios for finalmente revelada, quando todo gozo for compartilhado generosamente, seu suor derreter a prata no meu peito e a angústia sutilmente nos tornará mais sábios, mais lindos e escorrera como areia de Rio velho nas pequenas mãos dos bebes alados e doces. Nos fará escrever, não nos deixará fracos, desprovidos e frágeis.
Acreditar na vida no que é eterno, no que nos deixa mais fortes para cumprir missões, que nos afasta dos patéticos de alma pequena que não sabem reconhecer e transformar um único, mesmo que mínimo instante, em quase tudo.
Minhas mãos precisam penetrar seus cabelos e trazer seu rosto pra perto do meu, e o vento suster seu olhar por quatro segundos, seu ventre ser minha casa, suas pernas estrada para o mar, seu grito de prazer, minha alforria.     

segunda-feira, 13 de junho de 2011

“ESTAR PERDIDO ÀS VEZES É CAMINHO”.


Falava com ela ao telefone enquanto esperava no aeroporto. Podia senti-la, ver seus olhos naquela voz. Aquele olhar de despedidas descabidas, de eternos, “Vou embora”. O olhar que embreaga, olhar que fulmina e só deixa espaço para desejos inflamáveis. Desejos inofensivos não interessam. Só minha língua explode, confunde as horas, desanda o ciclo dos lábios mágicos. A necessidade incontrolável de beijar a flor úmida, mais linda e cheirosa. Bebo o Merlot, saboreio vento, devoro ombros, caminho sobre folhas espelhadas que refletem a luz, e destacam os poucos e quase que imperceptíveis pelos claros, que cobrem a pele âmbar e alva da curva das costas. Rosados seios rosa. Minha boca faminta, desesperada pra sentir os sabores do Mundo todo. Perdido mais uma vez na cidade improvisada. Não tenho paz, nem oceano. Moças com seios implacáveis, que não têm nada a dizer, as bocas se movem, mas nada ouço. Só a voz dela ecoa na cidade destruída e encenada.
“- Estar perdido às vezes é caminho”.
- Ela disse.