quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Empírico

Dizemos: "mais escola"! Como se disséssemos: "volta Cartola"! Mais um menino morto, o slogan é o mesmo. "Pernas abertas e uísque 21 anos por conta do Brasil".

Somos eu e você e a utopia erótica. Mas por hoje precisamos da noite inteira pra conversar e colocar a alma em dia. Estar do seu lado é a contravenção mais pura e original é debochar da sociedade patriarcal, acreditar na beleza inquestionável do sexo e que o amor é qualquer coisa e nada ao mesmo tempo.

Precisamos ouvir aquele disco do Pink Floyd, andar sem pressa em museus, galerias e teatros. Ver um filme muito chato e sair no meio. Admitir um pro outro, que sou Tarantino e você Truffaut, eu Havana, você Londres.

Lembra quando te disse que somos todos imorais, na nossa essência? Herança de liberdade, cafajestes empíricos. Fêmea, minha fonte de luxuria. Nossa liberdade, o medo da solidão, nossos livros e filmes, companheiros sinceros. A solidão é mesmo um presente? Um dia me perguntaram se eu te amava, eu só respondi: Eu me importo muito com ela.

Imagem: Mulher penteando o cabelo
Hashiguchi Goyō (1880–1921) Japão, 1920 Gravura sobre madeira; tinta e pigmentos sobre papel © Arthur M. Sackler Gallery, Smithsonian Institution, Washington D.C.; Colecção Robert O. Muller (S2003.8.121)

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Querida


Minha querida, estive longe.

Procurava por um exercito, um sonho, a saudade.

Mas meu coração, minha querida, sempre esteve perto, batendo junto do seu.

levei comigo seus olhos,  minhas culpas e minhas duvidas.


Dormi na chuva, acompanhei noites que pareciam nunca acabar.



Conheci homens que morriam a cada dia um pouquinho, às vezes por ignorância, outras vezes, por serem simplesmente humanos.


Compreendi a guerra e a solidão que não se explica.

A força do sol e o silêncio do escuro.

Não encontrei todas as respostas na arte, confrontei-me com meus personagens, meus livros e discos.

Reuni tudo que sentia em uma garrafa e bebi de uma vez.

Minha querida deixei meu coração batendo junto do seu, e não sei mais achar o caminho de volta.


Querida, estou cansado, a subida é difícil e a descida é truculenta.

Sinto que os anjos às vezes me abandonam, mas tem dias que quase me devoram.

Vi o segundo exato, que a vida se apaga nos olhos.



Senti a impotência e a angustia de tomar a decisão errada.

Perdi, mas ganhei, acertei, mas errei.
Enlouqueci de ar e sufoquei com paixões.

Minha querida, eu deixei meu coração batendo junto do seu, e não sei mais voltar.

Fui advogado do meu personagem mas soberbo e dormi com ratos.

Nadei até perder as forças e encontrei a consciência.

Escondi-me em uma velha biblioteca, dei a vida, e não controlei o pranto, no primeiro suspiro do anjo que vi nascer.

Compreendi o sublime, vendo você de longe e sorri sozinho.

Entreguei minhas armas, fiz as pazes com DEUS.

Sabe minha querida?

Deixei meu coração batendo junto do seu, E não consigo mas achar o caminho de volta.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

EDUCAR

Emoção com liberdade.
Educar pra ser feliz.
Mais café na varanda.
Gente aproveitando o vento no fim da tarde.
Mais cachorro no quintal.
Cama de casal.
Comer fruta direto do pé.
Um dia sem pensar em nada.
Outro dia pra encher a cara.
Desenho animado.
Pipoca.
Sanduíche de mortadela.
Suco de limão.
Deixar a água levar e lavar.
Antidepressivos pra acordar.
Ansiolíticos pra dormir.
Não esperar nada, deixar ao acaso.
Fazer uma boa ação sem esperar reconhecimento. 
Ser testado por um anjo e passar com louvor.
Fazer só o que quer, o que te deixa feliz.
As vezes não fazer o que quer, para não deixar ninguém infeliz.
Fazer uma viagem astral e ter certeza que não foi um sonho.
Acordar com uma ideia.
Escrever.
Imaginar.
Sonhar acordado.
Ficar sozinho as vezes.
Nunca solitário.