Quando minha Avó deu o Bob, o gato para Minha filha, a Maria Júlia, já sabia que ele era especial, eu não sabia por que, mas ele tinha algo diferente, chegou pequeno se escondendo atrais dos moveis e minha filha querendo brincar, ficar com ele no colo, mas dava para ver nitidamente nos seus traços de personalidade que Bob, o gato, não era adepto de carinhos. Maria Júlia sofria, e perguntava: - Papai o Bob gosta de mim? E eu dizia: - Gosta filha. E completava dizendo que ele estava se acostumando à casa nova e tal. O gato maluco reforçou o relacionamento entre Maria e eu. Tínhamos pela primeira vez algo em que nos dedicávamos juntos. Quando falo gato maluco não é só força de expressão, o bicho era meio tan-tan. Por não ter muito contato com outros gatos ele pensava e tinha atitudes de um cachorro, e começou a confundir a cabeça da poodle (Encardida), uma cadelinha que achei na rua perdida e desidratada, que passou a comer comida de gato. O animal tinha um passatempo curioso que consistia em acordar o pastor alemão de quase cinquenta quilos e em seguida correr para debaixo do carro ou subir em alguma árvore, o engraçado é que eu tinha a impressão que o danado divertia-se com a mórbida e arriscada brincadeira. Como nunca acreditei nessa eterna guerra entre Cães e Gatos, me esforcei para provar essa teoria, e enfim consegui estabelecer a paz entre os animais lá de casa, Cães e Gatos em harmonia no rotineiro banho de sol matinal e imagine que um pastor alemão (Negão), que falarei dele em um outro momento, pode estraçalhar um gato com seus dentes, em oito míseros segundos. Acredito que onde existe boa vontade, cooperação, fé, leveza e respeito pela vida, a paz se instala.
Só não consegui que Bob o gato se desse bem com os calangos e pássaros. Os passarinhos que faziam seus ninhos na parreira se mudaram e dia sim, dia não tínhamos um corpo estirado no chão, de um pobre calango, mortes essas que com o tempo foram afetando a cadeia alimentar do meu pequeno eco sistema de oitocentos metros quadrados, aumentando consideravelmente a população de insetos.
Só não consegui que Bob o gato se desse bem com os calangos e pássaros. Os passarinhos que faziam seus ninhos na parreira se mudaram e dia sim, dia não tínhamos um corpo estirado no chão, de um pobre calango, mortes essas que com o tempo foram afetando a cadeia alimentar do meu pequeno eco sistema de oitocentos metros quadrados, aumentando consideravelmente a população de insetos.
No começo suportei Bob porque minha filha estava feliz com ele, depois toda casa se habituou à sua presença perturbadora. Não dava para saber quando ele resolveria pular na sua cabeça para pegar o cabelo que balança pela ação do vento, o susto era meio desconcertante e engraçado. Amarrar bolas de borracha e pedaços de papel no barbante para chamar a atenção de Bob, passa a ser uma das brincadeiras preferidas de Maria e uma boa distração para que o Cabuloso felino parasse de atacar tudo que se mexe.
Bob o gato foi embora e me deixou a difícil tarefa de ensinar minha filha a Maria Júlia a entender a perda. Antes de contar para ela o fato, fiquei em duvida se contava as possibilidades reais do desaparecimento do Bob, como assassinato, atropelamento, virar churrasquinho, pandeiro, ou se eu inventava uma história bonita e leve que a deixasse feliz com o novo destino do bicho. Bem optei pela segunda opção, contei para Maria que o Bob tinha arranjado uma namorada, uma gatinha cinza que morava ali perto e que eles tinham resolvido viver juntos. Às vezes eu brinco que ele passou em um concurso e se prepara para financiar um imóvel pela Caixa Econômica Federal.
Não sei se faço bem escondendo a verdade dos fatos para minha filha, talvez eu esteja enfraquecendo-a para o mundo, deixando seu coração mole, leve demais. Mas a onde esta escrito que temos que ser fortes o tempo todo, a hora dela de ser forte vai chegar, eu só posso tentar dar-lhe ferramentas, como justiça, saúde e inteligência, para enfrentar o mundo. É quase tudo que ela precisa.
Bob o gato foi embora e me deixou a difícil tarefa de ensinar minha filha a Maria Júlia a entender a perda. Antes de contar para ela o fato, fiquei em duvida se contava as possibilidades reais do desaparecimento do Bob, como assassinato, atropelamento, virar churrasquinho, pandeiro, ou se eu inventava uma história bonita e leve que a deixasse feliz com o novo destino do bicho. Bem optei pela segunda opção, contei para Maria que o Bob tinha arranjado uma namorada, uma gatinha cinza que morava ali perto e que eles tinham resolvido viver juntos. Às vezes eu brinco que ele passou em um concurso e se prepara para financiar um imóvel pela Caixa Econômica Federal.
Não sei se faço bem escondendo a verdade dos fatos para minha filha, talvez eu esteja enfraquecendo-a para o mundo, deixando seu coração mole, leve demais. Mas a onde esta escrito que temos que ser fortes o tempo todo, a hora dela de ser forte vai chegar, eu só posso tentar dar-lhe ferramentas, como justiça, saúde e inteligência, para enfrentar o mundo. É quase tudo que ela precisa.