quinta-feira, 7 de julho de 2011

CARPINEJEAR

Esta noite demorei a dormir, rolava na cama pensava na ira, queria encontrar um sentido, Deus me presenteou com essa alma por um motivo. Canalizar, explorar o dom, deixar fluir as possibilidades, da característica mais forte do meu Orixá.

Dormi e sonhei com o Sr. Carpinejar. No sonho estávamos eu e Fabrício em praça pública apresentávamos uma instalação, uma intervenção urbana, me recordo de interagir com a obra, assim como as outras varias pessoas presentes. Eram parafernálias de metal dinamizadas mecanicamente, instrumentos que pintavam e criavam poesia, animais de madeira de vários tamanhos e formas que se encaixavam como engrenagens, representavam as necessidades humanas e afetivas.

Enquanto isso uma movimentação burocrática acontecia, referente a uma autorização da administração do espaço que a intervenção urbana estava. Para piorar um grupo de pessoas que realizariam uma festa de confraternização no mesmo local, fingiam interessar-se pela obra de Fabrício. Aquela velha harmonia falsa, política, que as universidades ensinam muito bem para os ditos futuros lideres, muito inteligentes, mas sem nenhuma cultura, os mesmos que ajudam a manter a triste estatística de Pais com a média de meio livro lido por cada habitante, Maquiavel Diria, “unir-se ao inimigo, para conquistá-lo”. Eu simplesmente chamo de beijo de Judas.

Quando enfim, ficou confirmado que a nossa manifestação artística, era clandestina. Mas até ai, eu já tinha tentado convencer de todas as formas os alienados que as duas coisas poderiam coexistir, não tive êxito, impossível falar de Drummond, a ouvidos de Paulo Coelho, devoradores de livros de auto ajuda e apostilas de cursinho preparatório.

Passei a ajudar o colega artista, que só encontrará em carne e osso e acordado, uma única vez na vida, a guardar e desmontar os materiais e equipamentos. De repente me peguei observando os jovens, todos vestidos iguais, camisa gola pólo, sapatênis, cabelinhos politicamente corretos, iniciarem a montagem dos instrumentos e equipamentos de som, para começar o pagode, que tocam somente por hobby, para serem mais populares e realizarem o sonho de serem famosos e quem sabe até fazer uma novela. Voltei a minha tarefa, mas antes conclui como são tristes pessoas sem paixão e que elas nunca poderiam criar um movimento autentico. Lembro-me vagamente de ensaiar uma manifestação irada, quando ouvi uma voz se denominar sambista. Soltei uma frase, acompanhada de um leve sorriso irônico. Vocês não são Sambistas, vocês não sabem o que é um Sambista.

Acordei ainda com ira, mas entendi que a ira faz parte do pacote que aceitei, quando decidi viver do meu talento.

Resolvi escrever imediatamente, mesmo concordando com Vinicius de Moraes que dizia, “que se uma idéia que tivermos durante a noite ainda não estiver com a gente na manhã seguinte, é porque ela não vale a pena ser trabalhada”.

O computador não funcionou. Escrevi a mão no verso de um roteiro de curta-metragem que estou decupando. Estranho escrever a mão, parece que perdi a prática. Tenho que lembrar de escrever mais vezes a mão.     

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